segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Two Become One (14º - Miósotis)



- This girl is on fire! (X2)
She’s walking on fire!
This girl is on fire!
Looks like a girl but she’s a flame.
So bright, she can burn your eyes, better look the other way.
You can try, but you’ll never forget her name.
She’s on top of the world. Hottest of the hottest girls.
Say “Ohhhh, oh oh oh oh”.
We got our feet on the ground and we’re burning it down.
Oh oh oh oh ohhhh!
Got our heads in the cloud and we’re not coming down.
This girl is on fire! (X2)
She’s walking on fire!
This girl is on fire!
Cantava eu a plenos pulmões. Era uma música que exigia uma boa respiração em cada nota, mas era tão linda!
Terminei a canção e senti-me um pouco… zonza.
Avistei Matt e Sergio na primeira fila observando-me com aprovação.
Notei que as imagens das pessoas ao movimentar-se, deixavam rasto, arrastavam-se. Pestanejei, o que acabou por agravar ainda mais a minha visão.
A última coisa de que me lembro é de embater contra o chão do palco.
BANG!
(…)
Credo! Que claridade horrível! Olivia fecha os cortinados, queria eu gritar.
Sentia a garganta muito seca. Engoli e ainda me magoou mais.
Enruguei a testa; queria abrir os olhos, só que toda aquela luminosidade impedia-me de o fazer.
- Miss Somerhalder? – Chamou uma voz masculina completamente desconhecida. Quem era aquele perú?! – Miss Somerhalder?
E lá arranjei força suficiente para abrir os olhos.
Oh. Meus. Santinhos. Do céu. O que estava eu ali a fazer?
- Miss Somerhalder, eu sou o Doutor António Goméz. Sou o médico do seu amigo. Não se preocupe. Está em boas mãos.
- Do meu amigo?
- O senhor Ramos.
- Hum.
- A Miss Somerhalder é muito irresponsável, sabia?
Abri mais os olhos com admiração.
- Desculpe?
- Não me peça desculpa a mim, mas a si. Temos de falar. Temos muito que falar.
A única coisa que pensei foi: What the fuck does that mean?!
(…)
- Matty, pára! Eu sei andar!
O meu irmão suportava parte do meu corpo com o seu braço férreo. Eu estava óptima, completamente saudável. Portanto, não quero que me tratem como se fosse uma boneca de porcelana exclusiva! Revirei os olhos.
Matt ajudou-me a deitar na cama. De repente, apareceu Olivia no meu campo de visão. Abriu a janela e afastou os cortinados do nosso quarto. O Sol entrou no quarto, animando mais o ambiente. Olivi perguntou se eu tinha fome e eu, por mais que quisesse mentir, cedi e disse que tinha. Ela correu escada abaixo.
Matt sentou-se à beira da cama. Entrelaçou os dedos de ambas as mãos e posicionou-as debaixo do queixo afiado. Oops! Cheira-me a esturro.
- O que te disse o médico, Lorelei?
- Oh, já disse que não tens de te preocupar com nada…
- Responde à pergunta! – Exclamou ele, zangado. Os cabelos da minha nuca eriçaram-se.
- Foi apenas uma quebra de tensão. Nada demais. Natural com este tempo mais quente.
- Não me estás a mentir, pois não?
- Para que haveria eu de te mentir?!
- É bom que não estejas, caso contrário…
- Caso contrário, o quê?
- Ligo ao Ian para te vir buscar.
- Não eras capaz de me fazer uma coisa dessas! – Os meus ouvidos ficaram chocados com o que ouviram.
- Era sim!
Abri a boca, acabando por fechá-la segundos depois.
Olivia veio para junto de mim. Preparou-me uma sandes de queijo e fiambre que eu já estava a devorar.
Depois de comer, acabei por adormecer.
Acordei já o céu apresentava uns belos tons laranja e rosa.
Comecei a pensar em Chris e em como gostava que ele estivesse presente.
No entanto, fora eu a culpada. Eu é que vim a parar a Espanha de vontade própria. Podia estar com ele no hotel mais próximo do set das filmagens.
Mas não. Tinha de ter viajado e agora um Oceano separava-nos.
Lambi os lábios e comecei a cantarolar muito baixinho:
- Everything I want I have: Money, notoriety and rivieras.
I even think I found God in the flash bulbs of the pretty cameras.
Pretty cameras, pretty cameras. Am I glamorous? Tell me am I glamorous?
Hello, hello? Ca-can you hear me?
I can be your China doll if you want to see me fall.
Boy, you’re so dope. Your love is deadly.
Tell me life is beautiful. They all think I have it all.
I’m nothing without you.
All my dreams and all the lights mean nothing without you.
All my dreams and all the lights mean nothing if I can’t have you…

Suspirei.
Ouvi três pancaditas na porta. Disse que quem quer que fosse podia entrar.
Olhei e verifiquei que se tratava de Sergio.
Esbugalhei os olhos e deixei cair o queixo quando avistei um ramo de lindas orquídeas entre as suas mãos.
- Oh, orquídeas! – Exclamei super contente.
- Reconheces as flores? – Perguntou, surpreendido.
- É claro que sei que estas lindas flores são orquídeas.
- Hum, até temi que não fosses gostar de te trazer flores.
- Eu amo flores! Não fiques com essa cara de Espanhol No Entiendo! – Ri-me.
E de seguida, os meus ouvidos bateram palminhas quando captaram o bonito riso do Sr. Ramos.
- Vejo que estás melhor.
- Óbvio que sim! Saudável como um cavalo! Hum, égua.
- O Doutor Gómez falou comigo.
O meu coração fez baque!
- Ai, sim? – Toda Miss Inocência. – E… que disse ele?
- Contou-me o que se passava contigo.
- Ah-há…
Cabrão do médico!
- Só quero que saibas que estou aqui para o que der e vier.
- Obrigada, Sergio. – Dei-lhe um semi-abraço. Que foi muito bem correspondido. – E obrigada pelas flores. Gostei muito!
- Já sei o que fazer quando precisares de ser… animada: comprar flores.
- Ahahah! Nos primeiros anos do nosso namoro, o Chris comprava-me flores. Em cada que nos encontrávamos, ele trazia uma nova categoria de flores. Lembro-me como se fosse ontem! Ele prometeu-me descobrir qual era a minha flor preferida. Ultimamente já não me oferecia, mas sei que o desafio continua de pé.
- Ainda não descobriu qual é a tua flor preferida?
Abanei a cabeça, negativamente.
- Foi preciso aparecer na minha vida um rapaz que faça show de bola para descobrir…
- Orquídeas?
Acenei que sim.
- Não posso crer!
- É verdade. – Esboçando um largo sorriso. – Promete-me que não desvendas o segredo ao Chris!
- Prometo! Porém, duvido que nos iremos encontrar por aí.
- Nunca se sabe. Além do mais, eu quero apresentar-vos.
- Uh, isso seria… interessante…
                                                                          Lorelei

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Two Become One (13º - Miósotis)



- Ah-hã! E compreendeste isso por… me conheceres? – Quis ele saber, interrompendo o meu momento de euforia e felicidade interior.
- Sim! – Quase soltando um berro.
Sergio desviou o seu olhar do meu.
- E nós?! Queres que desapareça da tua vida, agora que sabes que namoras com um Príncipe Encantado?!
- Que conversa é essa? – Perguntei com as sobrancelhas carregadas. – Pensava que… pudéssemos ser amigos.
- Amigos?
Acenei com a cabeça.
Ele parecia ser um tipo cinco estrelas e eu queria mesmo ser sua amiga!
- É isso que queres?
- Apenas se tu também quiseres.
Ele passou a mão pela barba, pensativo.
- Amigos com benefícios?
Exclamei o seu nome e ri-me. O seu riso acompanhou, por fim, o meu.
Almoçámos com humor ao rubro.
Sergio falou-me mais dos seus dias, do seu trabalho, da sua família e eu fiz o mesmo. Eram quase três horas da tarde e decidimos dar um passeio.
Sergio levou-me a um belo jardim com um lago com patinhos e cisnes.
Coloquei a tocar no meu telemóvel Dancing In The Dark de Bruce Springsteen.
Saltei para cima das suas costas e ele transportou-me de um lado para o outro, rindo-nos como uns loucos (ou como criancinhas eheh). Acabámos por rebolar na relva e acalmar as nossas respirações animadas. Entrelaçámos os dedos das nossas mãos e deixámo-nos ali ficar e ver o Sol subir no céu tão azulado.
(…)
- Hum, talvez devêssemos voltar para casa.
- Oh, já?
- Já?! São quase sete horas!
- São?! – Ele ergueu o tronco da relva. Estava um pouco despenteado e eu dei um jeito naquela polpa giraça e ele retirou umas folhas minúsculas que se encontravam presas aos meus cabelos. Ele levantou-se e deu-me a mão, cavalheiresco. Tinha de admitir que adorava a sensação de calor que o contacto da minha pele com a sua transmitia. Será que ele também tinha sensibilidade suficiente para sentir as faíscas nas veias?
Estávamos de regresso ao carro de Sergio quando uma cabeleira loira ombreada por um sujeito meio escuro me chamaram à atenção.
Fechei de novo a porta do carro e corri até Olivia que pareceu perplexa ao ver-me.
- Wow! Largo-te por umas longas horas e acontece isto! – Gracejei apontando para Olivia e Garay. Vi a minha amiga corar como um tomate.
Ouvi os passos de Sergio aproximarem-se.
Nisto, Olivia abre a boca os olhos.
- Isso digo eu! Vocês estão… - Começou ela por dizer.
- Juntos? – Completou o rapaz que colocou o braço por cima dos meus ombros.
- Pois, parece que estamos juntos, não é? Não da maneira que pensas, óbvio. Somos apenas…
- Amigos. – Voltou Sergio a completar.
- Hum-Hum, estou a ver. – Comentou Olivia.
- E eu? O que estou eu a ver? – Batendo as pestanas.
- Estás a olhar para dois amigos a passear. – Respondeu ela de nariz arrebitado.
- Não sei porquê, mas não me convencem… - Ripostou Sergio.
Eu fiz um sorriso triunfante e afirmei:
- Tiraste as palavras da minha boca.
Gosh! Adoro-o!
- Ora, pensem o que quiserem.
Revirei os olhos.
Depois tive a ideia de irmos jantar fora. Eu, Olivia, Sergio, Pilar, Matt, Garay e os gémeos.
Liguei de imediato ao meu irmão e ele aos Calléjon.
Sergio ligou à namorada, mas ao que parecia ela estava indisponível.
Voltámos os quatro para casa. Eu e Olivia mudámos de roupa.
Eu, Matt e José fomos no carro de Sergio, os restantes no de Garay.
Quando Sergio foi estacionar melhor o carro, eu e o meu irmão fomos andando para o restaurante. Peguei no meu telemóvel e gravei uma mensagem de voz.
“Chris! É a Lorelei. Como estás? Não te liguei, porque podias estar a gravar… ou a dormir (risos). Hum… como vão as gravações? Espero que esteja tudo a correr às mil maravilhas! Tenho saudades tuas! Tenho saudades dos teus braços a abraçarem-me. Queria dizer-te uma coisa que nunca tive coragem e certezas suficientes para te dizer, mas agora consigo… Amo-te, Chris Evans.”
E desliguei.
Mordi o lábio para abafar a abundância de líquido que se acumulara nos meus olhos.
- Uff, estou cheia de fome, Matty! (…)
O jantar estava óptimo, óptimo! O pessoal estava bastante bem-disposto e as horas passaram-se a voar. À mesa, senti umas dores de barriga e eu pensei que finalmente fosse o meu período a dar de si.
Retirei-me e procurei o WC.
Entrei na cabine.
Não havia vestígios de sangue, nem sequer na urina.
De seguida, retirei o telemóvel do interior da pequenina bolsa que trouxera comigo e olhei para o calendário.
Hum…
Puxei o autoclismo e saí da cabine.
Virei-me de perfil em frente ao espelho e pousei as mãos no meu ventre esguio.
Massajei-o e fiquei à espera de algum sinal, qualquer coisa.
Respirei calmamente, executando movimentos circulares.
What. The. Fuck?!
Revirei os olhos e ri alto.
Sou tão doida! Alguma vez eu podia…
E ri mais.
Abri a porta ao abanar a cabeça.
Voltei à mesa e já se tinha decidido que a próxima paragem seria um bar.
O bar da nossa primeira noite em Espanha.
Uhhhh! Apetecia-me cantar! 





                                                                         Lorelei

                                                                         Olivia


Two Become One (12º - Miosótis)


- Hola, Sergio! – Exclamou o meu mano. Levantou-se e cumprimentou-o.
Hum! Com que então estes dois senhores davam-se bem…
- Están solo? – Inquiriu o nosso visitante.
- Sí. Los otros fueron de compras y hacer paseos.
- Hum, muy bién. Mira, yo estaba pensando en llevar a su hermana a comer.
Matt ouviu a sua pergunta e olhou para mim.
Báh! Detestava não entender patavina do que eles falavam.
No entanto, dava-me cá um gostinho ouvir o meu maninho falar Espanhol.
Ele era tão fofo e sexy. Rezava para que ele encontrasse alguém que o fizesse totalmente feliz.
Mergulhei sem fazer barulho e nadei até ao muro, onde Sergio se encontrava.
Oh, meu Deus. Agora me lembro! O meu sonho… pesadelo! Sonho… não!
Pronto, admite, Lorelei: SONHO!
Tinha tudo começado ali. Junto daquela piscina. Comecei a corar.
- Te gusta de mi hermana, verdad?
Sergio levou as mãos ao cabelo.
- Me siento atraído por ella, sí.
- Ella tiene chico, sabes?
- Sería imposible no tener.
Matt sorriu.
Eles estavam a enervar-me! Falavam em tom de conspiração.
Daria qualquer coisa para saber do que falavam.
- Voy a ser honesto contigo, porque me parece una buena persona. No sé si Chris es el hombre de su vida…
Chris?! Estavam a falar do Chris Evans?!
- …Ella misma tiene dudas, a pesar de no admitir. Passa algún tiempo con ella!
- Esa era mi meta.
- Buena suerte! – E deram um abraço com palmadas nas costas.
Revirei os olhos para a paisagem que tinha à frente. Viraram-se ambos para mim.
Saí da piscina e movi a cintura sedutoramente.
Vi que os olhos de Sergio escorregavam pelo meu corpo a fora.
- Estás a olhar para onde?! – Disse eu, provocadoramente.
Oh sim! Eu tive coragem para dizer uma coisa destas.
- Eu queria convidar-te para almoçares comigo. – Falou o Sergio.
- “Querias”, portanto perdeste a vontade…?
Ele abanou a cabeça como que a organizar as ideias.
- Quero!
- Mandão!
- Desculpa.
- Porquê? Arrependeste-te de algo?
- Hum… não.
- Sendo assim não peças desculpa. Sempre queres a minha companhia para almoçar?
- Sim, quero.
- Boa. Vou tomar um duche rápido e vestir-me… ou… preferes que vá assim?
- Lorelei! – Avisou Matt. Mordi a bochecha para não me rir.
- Bem, vou subir. Mas primeiro…
Soltei um gritinho e dei um mergulho, agarrando os joelhos com os braços ao formar uma bola. Formou um splash desgraçado e no fundo da piscina, consegui ouvir o meu nome com desaprovação.
Voltei a sair da piscina e confirmei, orgulhosa de myself, que os rapazinhos estavam molhados dos pés à cabeça. Uh, too bad!
- Esta foi pelos vossos cochichos. Fiquem sabendo que vou aprender Espanhol!
E subi as escadas rumo à casa-de-banho do quarto de hóspedes. (…)
- És sempre assim tão calado? – Interroguei o Sergio. Estávamos no interior do seu Audi branco. Bastante confortável, devo dizer, porém eu já estava habituada demais a andar num Lexus.
- Ah… não. E tu és sempre assim tão comunicativa?
- Yap! – Mirei-o, observando a sua condução. As suas mãos eram grandes e muito masculinas e eu gostava da forma como ele tocava, agarrava e balançava o volante. Sexy…
- Estás com calor? – Perguntou ele, olhando-me de esguelha. Vi os seus dedos percorrerem o sistema de ar condicionado. Disse-lhe que não, que a minha temperatura corporal estava óptima.
Chegámos, por fim ao restaurante. Amplo, belo e simples. Gostei.
O empregado que nos trouxe as ementas, fitou incredulamente o rapaz à minha frente e alçou as sobrancelhas quando a sua atenção se depositou em mim.
Suspirei e virei a cara.
O empregado deixou-nos e Sergio abriu a ementa. Eu nem sequer abri a minha, não saberia o que escolher. Inclinei o corpo para a frente e em tons de múrmurio, indaguei:
- Não devias almoçar com a tua namorada?
Ele não desviou os olhos da lista de pratos à sua frente, mas respondeu-me.
- Penso que isso não é da tua conta.
- Começa a ser da minha conta desde o momento que me convidas para vir aqui contigo.
- Qual é o problema?
Olhei para os lados.
- Os problemas começam com as relações em que estamos e acabam na imprensa.
Isto fê-lo encarar-me.
- É isso que receias?
- E tenho bastantes motivos para isso.
Fez-se silêncio.
- Porque é que me convidaste para este almoço? Diz-me a verdade! – Sergio separou aqueles seus lábios cheios, mas nada deles saiu. Pestanejei lentamente. – Faço-te ficar nervoso? – E toquei-lhe na mão.
- Sim. – Mal o ouvindo.
- Porquê?
- Porque me sinto atraído por ti.
Sorri-lhe e olhei para os meus dedos a brincarem com o guardanapo.
- Sabes… eu conheço muito bem o que é isso da “atracção”. Por isso, também sei como ela é passageira e ilusória. Eu… nunca fui uma adolescente fácil de… - Procurava a palavra certa e quando a encontrei, deixei escapar um esgar – domesticar. Nunca consegui distinguir “amor” de “sexo”, para mim era tudo igual. Quando conheci o Chris… estas duas palavras começaram a separar-se um pouco. Há bocado pedi-te a verdade e agora vou retribuí-la. Seria uma grande e horrível mentirosa se não conseguisse admitir que desde o momento em que te vi, tu excitaste-me e eu queria realmente ir para a cama contigo. Também me sinto atraída por ti. Mas… vamos encarar a realidade! Tu sentes-te atraído por mim, porque eu sou gira e convidativa; eu sinto-me atraída por ti, porque GOSH és bom, és um gajo muita bom! E é só isso. As nossas vidas cruzaram-se, o que não quer dizer que estejamos destinados a ficar juntos. Eu não faço ideia se tu gostas verdadeiramente da P-Pilar ou se também te sentes atraído por ela. Coisa que não vou contrariar, pois ela é muito bonita. Agora que penso mais nisto, tu foste uma peça essencial na minha vida!
- Ai, sim?! – Ele cruzou os braços, divertido. Ele apresentava-se extremamente embrenhado no meu monólogo, atento e os seus olhos espelhavam os meus e aí senti que ele sabia que eu estava certa.
- Sim! Sem ti penso que nunca iria conseguir distinguir aquelas duas palavras. Agora percebi! – Exclamei mais para mim própria do que para ele.
O meu coração disparou e começou a dançar de júbilo.
- Percebeste o quê?!
A minha boca abriu-se ligeiramente e quando a minha língua formulou três palavras mágicas que jamais sonhara dizer, duas lágrimas escaparam dos meus olhos verdes tão emocionados.
- I. Love. Him.


                                                                           Lorelei

                                                                           Sergio








terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Two Become One (11º - Miósotis)


Gritei e levantei-me da cama, lavada em suores.
Sentia o meu batimento cardíaco dentro dos meus ouvidos, pulsando igualmente dentro da minha cabeça.
Ouvi uns passos de corrida pela escada e, de rompante a porta do quarto abriu-se.
- Estás bem, Lorelei?! O que passa? Tiveste um pesadelo?
Os meus lábios tremeram e os meus olhos estavam muito abertos.
Senti a mão de Matt passar pela minha cara afastando os cabelos colados à maçã do rosto e da testa. Olhei para o lado. Olivia não se encontrava na sua cama.
De seguida, reparei que raios de Sol escapam pelos buraquinhos dos estores.
Engoli em seco variadas vezes e só depois sussurrei:
- Qu-que horas são?
Matt sorriu e fez-me uma festinha na cara.
- Passam alguns minutos das dez horas da manhã.
Esbugalhei os olhos.
- Dormi tanto! – Exclamei com a voz desafinada.
- Pois, foi o que Olivia comentou comigo. Tu costumas levantar-te tão cedo…
- Dormi mais de três horas do que o habitual!
Matt afastou-se um pouco de mim e fitou-me com minúcia.
- Estás um pouco pálida. Sentes-te bem?
O meu estômago parece que o ouviu, roncando segundos depois.
- Tens de comer. Deves estar cheia de fome.
- Eu… eu preciso de clarear ideias. Preciso de nadar.
- Nadas mais tarde. Agora: papas!
O meu maninho ajudou-me a levantar da cama.
- Não sou nenhuma baby.
Matt esboçou o meu sorriso preferido e pos um braço por cima dos meus ombros, dando-me um meio abraço.
- Serás sempre a minha baby. – E beijou-me o cimo da cabeça.
Caminhei até à casa-de-banho e fechei-me lá dentro.
Sentei-me no tampo da sanita e tapei a cara, enquanto me relembrava do terrível sonho que tinha acabado de ter.
Senti uma pontada de dor no fundo do estômago e uma impressão na garganta.
Não me perguntei como raio tive rapidez suficiente para me virar, levantar o tampo e vomitar para a sanita. Oh, será que o dia podia ter começado pior?!
O meu estômago estava sempre habituado a receber fruta e cafeína por volta das seis da manhã. Passando essa hora, fica mais do que rabujento.
Quando já me tinha acalmado, comecei a fazer a minha higiene pessoal matinal.
Após estas tarefas, vesti-me e sentei-me na secretária ao abrir o meu diário.
Demorei alguns minutos a pensar sobre a flor que iria escrever.

                                                   FLOR MIÓSOTIS

Esta flor significa recordação, fidelidade, amor verdadeiro, fraternidade, caridade. Também é chamada por “Não Me Esqueças” e também de Verónica.
A explicação do primeiro nome acima dito da flor pode ser explicada por algumas lendas. Uma delas remete-nos para um belo dia de Primavera, dois jovens apaixonados encontraram-se à margem de um rio. Nas águas turbulentas, a jovem avistou um ramo de miosótis a flutuar e ficou maravilhada pela beleza da flor. O seu amado, mergulhou então para apanhar as flores e oferecê-las à sua namorada. No entanto, quando tentou voltar para a margem, foi arrastado pela forte corrente. Esta lenda conta que pouco antes de desaparecer ele gritou para a sua amada: "Não me esqueças, ama-me para sempre!". A partir desse dia a flor miosótis passou a crescer nas margens dos rios, para que mais ninguém tivesse de morrer por sua causa.

                                                                                                 22/Junho/2012

Hum… cheirava-me a pão fresco acabadinho de torrar.
Na mesa da cozinha só estava o meu irmão.
Ele informara-me que a Olivia tinha saído à pouco com Magdalena, ajudando-a com as compras. Os gémeos também tinham saído com os amigos e o meu tio tinha umas reuniões com um museu das redondezas.
Matt tinha-me lavado uma maçã e o café estava a pingar para a caneca.
Devorei a maçã num instante e depois fiz umas torradas também para mim.
Procurei um pote de mel pelos armários e lá achei. Barrei mel nas torradas e abocanhei-as, aprovando o bom sabor.
- Estavas mesmo com fome. – Gracejou o meu irmão. Nem sequer lhe respondi e continuei a tomar o meu pequeno-almoço.
Convenci-o a tomarmos banhos de sol nas espreguiçadeiras. Assim o fizemos.
Fui ao quarto e vesti um biquíni.
Encaminhámo-nos então, para as traseiras da vivenda e deitámo-nos nas espreguiçadeiras. (…)
- Matt?
- Sim.
Mordi o lábio inferior carnudo e tirei os meus ClubMasters.
- Nunca mais falámos… de ti.
- De mim?!
- Sim! Do facto de seres gay.
- Oh, eu não acho que seja um bom tema de---
Revirei os olhos e disse num tom sério, interrompendo-o:
- Matt, és meu irmão! Tu e o Ian tomaram conta de mim como se fossem meus pais e eu nunca vos agradeci o suficiente. Estás a passar por uma fase difícil na tua vida e, por mais que tentes esconder, não vale a pena, porque eu sei que não estás bem. – Pousei uma mão sobre a sua perna. – Deixa-me ajudar-te.
O ambiente ficou em silêncio durante um bom bocado.
- Eu estou preocupado com a minha carreira.
Uni as sobrancelhas.
- Não estou a compreender como é que isso se interliga.
- Antes de vir para Espanha, falei com o meu manager. Ele disse-me que tinha tido uma boa proposta de trabalho para mim.
- Não me falaste nisso. Que proposta?
Ele fez um esgar.
- Dar vida a Christian Grey.
Pestanejei. Abri os olhos de espanto.
- Christian. Grey. – Falei pausadamente. – Da trilogia Fifty Shades of Grey?!?!
- O mesmo!
- Não estás a pensar em não ir ao casting, pois não? – Berrei-lhe.
Matt ergueu uma sobrancelha.
- Matt! Nem penses! Tu vais fazer esse casting ou eu não me chamo Lorelei Somerhalder! Aliás eu vou contigo!
- Lorelei, eu sou gay! Jamais vou ganhar aquele papel!
- Nunca digas nunca!
Ele suspirou.
- Ah, já percebi! Tu estás chateado, porque queres aquela personagem mas… estás com medo de não te darem. É isso não é?
- Pronto! É isso mesmo, maninha! Estás satisfeita?!
- Longe disso. Só fico satisfeita quando tu fores àquele casting e deres o teu melhor na audição.
Ele abanou a cabeça e beijou-me a mão.
- És tão sonhadora, Lorelei.
- Alguém tem de o ser na família. – Rindo-me.
Matt sorriu e murmurou:
- A Edna também é. És tão parecida com ela…
Franzi o nariz, fazendo uma careta.
- Nããããããã! Ela é perfeita. E eu estou longe de o ser.
O meu irmão aproximou-se de mim e apertou-me a bochecha direita.
- Promete-me que vais ao casting.
- Vens comigo?
- À tua disposição.
- Então, prometo. (…)
Passei pela lista de músicas no meu telemóvel e carreguei num que já não ouvia há milénios.
Quando as primeiras notas de guitarra se fizeram ouvir, Matt exclamou:
- OH! Adoro essa música!
Sorri-lhe.
Deixei o telemóvel na espreguiçadeira e aproximei-me do muro da piscina.
Voltei-me para Matt e perguntei-lhe:
- Para trás ou para a frente?
- Hâ?!
- Diz qualquer coisa. – Com muita vontade de rir.
- Sei lá! Para trás!
Encolhi os ombros e disse “está bem!”.
E fiz um mortal para trás mergulhando na piscina.
Emergi da água e ouvi o meu irmão dizer “what the fuck?!”.
- Owner of a lonely heart (x2)
Much better than a
Oner of a lonely heart (x2)
Cantarolei eu, antes de começar os meus exercícios de natação: borboleta, costas, crawl de frente e lateral.
De seguida, descansei ao flutuar na água.
Pouco depois decidi fazer um exercício de resistência quanto à respiração.
Enchi os pulmões de ar e mergulhei até ao fundo da piscina.
Acocorei-me no chão aos quadradinhos e deixei-me lá ficar.
Memórias dos meus seis/sete anos surgiram na minha mente…

«- Continua, Lorelei! Continua, minha querida! Vais conseguir!»
«- Não controlo muito bem a respiração.»
«- Quanto mais praticares, melhor serás. Não te esqueças que és uma sereia.»
«-A tua sereia?»
«- A minha sereia. Sempre!»

Ouve uma voz e uma presença que me fizeram ressurgir no presente.
Voltei à tona de água.
- Tenemos sirena?
Ergui a sobrancelha esquerda.





                                                                            Lorelei